VIDA E CARNE
Fui embora, para te procurar, mas só encontrei a mim mesma.
Sai procurando a vida, mas achei a certeza de que não a tinha.
Que, na verdade, só tinha morrido, mas não sabia.
Porque só sabia do meu amor, e ele tem apenas um sentido: a Ausência
Fale-me, morte minha, como fazer desse amor presença? Se os olhares não se tocam, se o espírito de tão leve não sente a carne.
Eu te amo, Carne. Igual que amo a minha existência.
Porque você só forma parte, mas eu formo parte entre outras coisas.
Porque você alimenta a minha alma de Vida.
Como os gatos, eu já tive várias vidas e não entanto nunca tinha perdido nenhuma. Até o dia em que, me olhando no espelho, chorei pela minha perda.
¿O que aconteceu comigo? ¿Onde foi parar o meu tempo?
O meu tempo tinha parado, mas agora me desafiava com o meu próprio reflexo: desconhecido.
Eu te amei. Não foi?
Não, porque você me desrespeita, e o seu desrespeito é tão grande que luta contra o seu próprio tempo.
A sua ingratidão é tanta que lhe dou as migalhas e você ainda quer o pão inteiro.
A sua insolência é tão sincera que até mentir por amor você pode.
Mas eu não queria...
Eu achava que o amor era só isso: Morte.
Mas eu... Eu estava enganada. Em realidade, eu queria amar sem estragar a Vida, nem magoar a Carne.
Alba Seoane
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